Eu consegui

Thaís Barros
Um texto tão eu que a foto tinha quer ser minha
Ultimamente tenho convivido de perto com pessoas que estão sofrendo da mesma dor que eu sentia há algum tempo atrás. E ó, é muito estranho ver tudo isso de fora. É como assistir outras pessoas representando a sua vida. Como se eu fosse platéia de um evento importante que parecia só meu - mas que acontece com todo mundo. 

Meu primeiro namoro começou quando eu ainda era novinha. Tinha uns quinze ou dezesseis anos. Por conta disso, nem eu, nem todas as minhas amigas daquela época nunca tinham tido uma decepção amorosa e eu nem sabia quão horrível era. Nunca tinha tido contato e achava que todo chororô só rolava nas novelas. ô dó! 

Aí eu namorei por um tempão e acabou. Mas nossa.. doeu, viu? Eu chorava dias e noites e foi a coisa mais difícil de aceitar nessa minha vidinha até hoje. Ainda mais para euzinha que sempre fui mimada e tive tudo o que eu queria. Imagina só ter que aceitar a pessoa que eu mais amava partir? Puro sofrimento. 

Quem já passou por isso sabe exatamente do que eu estou falando. Sabe também que dói cada partezinha do corpo. A garganta trava com um nó que nunca se desfaz, o coração dói de verdade e dá uma vontade enorme de deitar por horas, dias, semanas.. A real vontade é de dormir para sempre e só acordar quando toda essa vibe negativa acabar.

O pior disso tudo é que você presencia a morte de um relacionamento. Do seu relacionamento. Você o ajudou a nascer, acompanhou todas as felicidades e tristezas e tem que vê-lo morrer ali, na sua frente, sem poder fazer muita coisa. É um luto que não tem escapatória - se você está viva (e quer continuar), tem que sentir a dor e engolir como se fosse um chá amargo que vai te curar só lá na frente.

Aí a gente lê conselhos, textos lindos de autoajuda na internet e ouve músicas que tentam te deixar pra cima. Mas na prática, é super diferente. Conquistar o amor próprio é doloroso. Parece que você está mentindo para você mesma e se fazendo de tonta porque você sabe que lá no fundinho não vive sem a pessoa. Mas vive, viu. E como vive!

A notícia ruim dessa coisa toda é que você vai ter que aguentar cada coisinha dessa. Infelizmente, ainda não inventaram uma forma rápida e menos dolorosa de fazer passar, sabe? Tem que esperar sentadinha e caladinha. Caladinha para não chorar e nem pensar, em hipótese alguma, em ligar para a pessoinha destruidora de corações. 

Hoje eu consigo escrever tudo isso com tamanha propriedade e conhecimento porque eu passei por isso e superei. Superei de verdade. Quem me viu antes, durante e depois não acredita que eu sou a mesma pessoa. Hoje eu sou feliz, de verdade, com as consequências que a vida me deu - mesmo que elas tenham sido escolhidas por outra pessoa. 

Eu conheci pessoas que demoraram anos para fazer essa dor passar e algumas que nem conseguiram superar ainda. O que eu sempre digo, é que se você ainda sente essa dor chatinha, tem que aprender a conviver com ela até começar a fazer parte da sua rotina. Se você for mais inteligente ainda, vai transformá-la em um outro sentimento bom pra você. No meu caso, eu transformei em carisma e simpatia. Comecei a sair mais, conhecer mais gente e ser menos chatinha. 

Alguns dizem que a dor ameniza quando você conhece uma outra pessoa. Ou várias pessoas. Eu não vou discordar porque isso me ajudou. Não que todas as pessoas tenham sido tão bacanas quanto meu antigo amor, mas me ajudaram a ver que existem pessoas legais e dispostas a te amar do jeitinho que você é. Até com coração partido.

Eu nunca tive coragem de iludir alguém e sempre fui sincera ao dizer que eu estava ali, mas meu coração pertencia a outra pessoa e que eu estava lutando para mudar isso. Não há mal nenhum em ser sincera. A sinceridade é linda!

Quanto às memórias, fique tranquila. Não tem problema nenhum lembrar dos momentos. Até porque todos eles, juntos, lhe farão sair da deprê. Bons ou ruins.. tudo isso pode ser guardado, desde que você saiba administrá-los. Afinal, é meio estranho querer esquecer momentos que te fizeram feliz, né? 

Guarde os momentos e exclua a pessoa. Pelo menos por um tempo.

Eu tive que aprender a excluir. Me controlar para não ligar. Bloquear das redes sociais e orar todos os dias para não encontrar o casalzinho na rua. Tive que mudar a minha rotina inteirinha para não lembrar que tal hora eu fazia aquilo acompanhada dela e a vantagem disso foi conhecer coisas novas. Eu quis mudar tanto, que ao invés de ir pelo caminho X que eu fazia com ela, ia pelo Y e lá conhecia novos lugares. Novas oportunidades. Jardins cheinhos de esperanças.

E assim vai. Um dia após o outro, uma semana após a outra e quando você for ver, tudo aquilo passou. Sendo um pouco egoísta (e egoísmo não é só ruim), você vai se reconhecer como indivíduo. Vai ver que as pessoas deixam nossas vidas mais alegres e coloridas, mas sem elas você também existe. E, TCHARAN: esse é o amor próprio. 



Comentários
5 Comentários

5 comentários:

  1. Verdade.. A pior parte é esse nó na garganta e a vontade de ligar e tentar recomeçar, quando na verdade sabemos que não vai mais rolar.

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  2. Nossa amei seu texto principalmente a parte de que sempre vou ser seu primeiro amor e você o meu.

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    1. É, primeiro amor é sempre o mesmo e único. Que bom que foi recíproco!

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  3. Esse texto é divino e é o que eu mais me identifico desse blog todo <3

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